[edição 66 | tempo de leitura: 4 minutos]
depois de algumas semanas relembrando edições passadas, estou de volta com reflexões novinhas e links interessantes.
se você chegou por aqui nas últimas semanas, vou pegar emprestado as palavras da minha amiga beatriz salles pra te explicar a ideia deste canal:
a edição de hoje é uma boa desculpa para você se permitir esquecer a lista de tarefas por 4 minutos e viajar no tempo comigo, de volta aos meus quinze anos.
espero que goste!
até quarta que vem.
beijos, le :)
lá pelos meus quinze anos recebi minha primeira declaração de amor.
é claro que foi um clichê. uma música que todo mundo provavelmente já escutou. lançada em 1990, sete anos antes de eu nascer, mas ainda um clássico dos jovens apaixonados.
por você, eu dançaria tango no teto
eu limparia os trilhos do metrô
eu iria a pé do rio a salvadoreu aceitaria, a vida como ela é
viajaria a prazo pro inferno
eu tomaria banho gelado no inverno
eu tinha esquecido completamente essa memória até que, ontem, enquanto dirigia no caminho de sempre, ouvindo a rádio de sempre, ela tocou.
o que se seguiu foi um sorriso de nostalgia e uma saudade grande da menina que eu fui há muitos boletos, responsabilidades e paixões atrás. numa época em que o que eu entendia do amor era só o que os filmes e livros pintavam, e as preocupações eram simples e intensas na mesma medida.
mesmo com tanto caminho entre a menina que recebeu a declaração e a mulher que me tornei, ouvi e me lembrei.
reparei com calma na letra, e, entre todos os versos (que eu ainda lembrava de cor) uma frase me surpreendeu: “(por você) eu aceitaria a vida como ela é”.
imagina só, um amor tão grande que faça aceitar a vida como ela se apresenta: sem maiores ambições, sem pensar no que poderia ter sido e não foi, sem ansiar pelo o que o futuro tem reservado.
percorri os cinco minutos que faltavam até o destino final em silêncio, digerindo a declaração de amor adolescente que ganhou um peso diferente agora, na era adulta, quando entendi de verdade a dificuldade que é compreender e aceitar os tempos e movimentos da vida.
mas, antes disso, enquanto o vocalista chegava ao último verso, respirei fundo e agradeci mentalmente a pessoa responsável pela boa memória que, onze anos depois, decidiu me visitar.
e torci para que algum dia, uma memória boa que eu criei sem grandes pretensões também volte para melhorar o dia de alguém.
na teoria 🔎
90% das músicas pop são sobre amor, mas os críticos preferem se dedicar apenas aos outros 10%.
fica meio óbvio que existe um preconceito no meio. no geral, canções de amor são consideradas fracas.
“mas, é claro, eles conhecem essas músicas – e também conseguem cantar junto com todas as letras", diz
, crítico de cultura que discorda da regra. segundo ele:“a canção de amor é inerentemente perturbadora e até política. ela expressa os nossos sentimentos mais profundos em público – e isto está sempre ligado à liberdade de expressão, aos direitos humanos e à autonomia pessoal.”
links da semana 🔗
📚
os 100 melhores livros do século XXI, segundo o new york times. ouvi dizer que tiveram várias polêmicas, mas ando tão distante das notícias que nem sei dizer qual foi a da vez. [link]
🙃
como funciona a mente de um procrastinador? essa palestra ted é engraçada e desesperadora na mesma medida, mas me fez encarar a procrastinação com outros olhos [link]
💡
procurando um app pra se organizar? eu gosto do muito do notion, mas até deslanchar com ele demorou um tempo, justamente porque existem inúmeras possibilidades dentro dele, esse artigo pode ajudar [link] - one task
✈️
se precisar, desça do avião. simples. assim como a rachel fez em friends (apesar das muitas críticas), se sentir que é o certo, desça. [link] -
eu componho e tenho dificuldade de escrever coisas que não sejam músicas de amor… isso por um tempo me incomodou, mas hoje em dia vejo que faz parte do que sou. acho que de certa forma é a maneira mais vulnerável de se expressar mesmo que não esteja falando de si mesmo. parabéns pela edição, lê! 🫶🏻
Eu sempre odiei música de amor, até viver um amor. E comecei a escrever sobre o amor. "Posso ser eu antes de ser tua, posso ser eu, mesmo sendo tua". Te convido a ouvir uma composição minha: https://open.spotify.com/intl-pt/track/2d4nReSQPWd3uGu8wxrfDb?si=ecc5636dc5144c38
Parabéns pela sensibilidade do texto, consigo me sentir dentro da história literalmente, imaginei as cenas contadas, e fiquei nostálgica junto contigo!