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› pra ler ouvindo: oba, lá vem ela | jorge ben jor
‹ edição anterior: #77 | medo de céu
sentada debaixo do sol, assisto diferentes corpos andando de um lado para o outro.
soltos
leves
livres
cada um com suas próprias marcas, formas e cores, caminham com pouca roupa na areia fofa e quente da praia.
a alta temperatura é um convite para se livrar das cobranças pelo corpo que jamais será perfeito.
o mar, azul e refrescante, incentiva um mergulho despreocupado.
enquanto assisto os outros, sinto aos poucos minhas amarras se afrouxando.
todo o julgamento, que sempre me acompanha, decide tirar folga - assim como eu.
sentamos lado a lado, na canga esticada.
deixo no corpo apenas o biquini.
e, sem pressa, permito que o sol aqueça cada parte que um dia critiquei.
barriga
coxa
braço
tudo agora protegido pela luz do sol. pelo encanto da praia.
aqui, tudo parece ter direto de ser como é.
talvez por isso a vida seja tão melhor perto do mar.
↓ você reparou?
um novo imaginário de mulheres mais velhas está sendo construído.
talvez você também tenha visto esse padrão em alguns filmes recentes:
uma mulher, geralmente divorciada e com mais de 40 anos, se apaixona por um homem bem mais novo.
o romance retrata alguns clichês que já esperamos: a diferença geracional, o medo de não dar certo e o preconceito.
o roteiro pode ou não agradar, mas não foi esse o ponto que me chamou atenção.
tem algo um tanto quanto revolucionário acontecendo ali, nas entrelinhas:
- mulheres mais velhas estão ganhando espaço como protagonistas.
e, dessa vez, não apenas como mães ou esposas.
na nova narrativa elas são sexy, interessantes e estão prontas para se aventurar.
“esses filmes fazem com que o envelhecimento pareça uma aspiração, em vez de algo a ser temido e adiado pelo botox”. [link]
aos interessados, os filmes são: lonely planet, a familly affair e the idea of you. mas já vi uns outros títulos pipocando por aí.
-
essa é uma nova sessão da news que vai aparecer por aqui vez ou outra pra gente descobrir e discutir coisas que valem a pena.
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↓ rapidinhas
› eu, que sempre gostei de quem eu sou, cogitei mudar algo em mim que até três posts atrás eu nem sabia que odiava. [link]
› 2 em cada 5 mulheres trocariam um ano das suas vidas para atingir os seus padrões de beleza. é o que mostra a maior pesquisa sobre beleza do mundo [link]
› se ame por aqueles com quem você se parece. um vídeo pra te fazer enxergar cada detalhe sob uma nova perspectiva. [link]
› jovens, envelheçam. um recado que vale a pena ser ouvido nos seus vinte e tantos anos. [link]
› uma newsletter pra conhecer floripa do jeito certo. escrita pelo incrível
, que conta como ninguém os detalhes mais lindos da ilha - e a quem tive a sorte de ter como amigo e guia nos meus dias por lá 🤎 [link]› livros para criadores: abasteça seu banco de referências. [link]
oi!
o texto de hoje é quase uma resposta do futuro para a leticia de março de 2023, que escreveu a edição #14 | o castigo da beleza.
entre as coisas mais bonitas da escrita está isso: conversar com a gente mesmo e curar nossas feridas.
até quarta que vem!
le :)
Aterrisando aqui do alto do meu "lugar de fala" aos 46, triscando os 47 logo menos, hehe. Ótimo que haja narrativas em que as mulheres 40, 50, 60+ não sejam apenas as mães/avós coadjuvantes. Mas, como vocês bem sinalizaram aqui já, para que elas saiam desse lugar, elas de alguma forma precisam despertar aquele tipo de comentário "nossa, tá tão linda pra idade dela"; "gente, que gata, nem parece que tem X anos". Ou seja, a 40,50+ sexy que conquista os novinhos precisa, de alguma forma, performar a juventude em algum grau. Não à toa as escolhidas para esses papeis são mulheres Ane Hathawey, Nicole Kidman e outras que fazem o "gerenciamento do envelhecimento" (o termo que agora substitui o "anti envelhecimento" no mundo da estética) de forma mais equilibrada, mas ainda assim, bastante atrelada a um universo de cuidados que a esmagadora maioria das reles mortais não têm acesso. Lembro-se de assistir Uma Ideia de Você, apesar de não curtir comédias românticas, justamente por conta desse recorte. E apesar de todo o meu racional lutar contra, meu emocional era: "socorro, eu preciso urgente fazer 38 procedimentos" hahaha.
"soltos
leves
livres"
Comecei a me sentir assim também recentemente. Faz pouco tempo atrás eu não curtia muito do ritual de ir na praia. A minha esposa ama, então eu sempre ia mais para fazer companhia para ela rs
Mas agora me sinto grato por ter a praia perto para descontrair e desgrudar um pouco da tela do computador (moro em Floripa, obrigado pela sugestão da newsletter do Randy!).