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as olimpíadas começaram e, como acontece em toda edição: estou obcecada.
a cada ano fico mais chocada com o preparo dos atletas. força, habilidade, serenidade… tudo na medida certa.por um segundo, é fácil esquecer que eles também são humanos e que, no fim das contas, aquilo é só um trabalho como o meu e o seu. com a pequena diferença de que o mundo inteiro pode te ver falhar ao vivo (sem pressão).
bom… é isso. a edição de hoje começa agora!até quarta que vem.
beijos, le :)
durante um salto existe apenas a ginasta e o ar.
no intervalo de tempo em que os pés saem e retornam ao chão, dezenas de decisões precisam ser tomadas, cálculos mentais são feitos e refeitos, riscos são avaliados. a força é milimetricamente redirecionada.
não há espaço para o medo. mas, ainda assim, ele está lá.
“sinto medo todas as vezes que tento este salto”, diz simone billes, vencedora de 30 medalhas em campeonatos mundiais, sendo 23 delas de ouro. isso sem contar o ouro fresquinho de ontem, na prova por equipes.
sim, a ginasta mais premiada na história do seu país admite sentir medo de realizar o salto - que, por sinal, foi batizado com seu próprio nome.
“eu nunca conseguiria”.
foi a frase que mais repeti enquanto assistia o documentário sobre simone, uma das maiores (se não a maior) ginasta da história.
além do treino, do esforço e do talento, cheguei à conclusão que outra coisa me impediria de fazer o que ela faz: o tempo de decisão.
minhas opiniões demoram para amadurecer. eu espero pelos sinais, analiso cada pensamento, questiono cada sonho.
ao invés de altura, calculo sentimentos. e é preciso muito tempo para uma conta dessas. algumas equações levam anos.
porém, se simone e eu temos algo em comum, arrisco dizer que seja isso: prefiro não saltar à me machucar.
afinal, outras olimpíadas virão.
assim como outros saltos, outros amores, outros trabalhos, outras tristezas, outras viagens, alegrias, amigos, festas, domingos, segundas, meses e anos.
e tudo isso (o que quer que isso seja) pode esperar para ser vivido plenamente. sem corpo nem mente quebrados.
a vida é uma longa maratona, cheia de ladeiras e descidas. sol e chuva, frio e calor.
e você pode caminhar ou correr. você pode parar para beber água, você pode sentar e se alongar sem pressa enquanto os outros passam por você.
você também pode ir mais devagar, só pela companhia. e pode voltar a correr quando sentir que é a hora.
a boa notícia é essa: a competição é só sua. você decide. você pode.
🤸🏼♀️
o documentário sobre o retorno de simone biles nas olimpíadas de paris prova que sua influência vai muito além de saltos e piruetas.
é uma conversa aberta sobre a importância da saúde mental. é sobre amadurecimento e força, mas também vulnerabilidade e paciência. imperdível. [link]
👯♀️
ginástica, ballet, natação… a maioria dos filmes sobre esportes individuais focam na rivalidade entre atletas.
me chamou atenção o companheirismo entre as ginastas, em especial, nesta edição das olimpíadas. existe um tabu quando o assunto é misturar amizades e trabalho, seja ele qual for. pensando nisso, o instituto amuta lançou um e-book inteirinho dedicado ao tema. [link]
🇧🇷
rebeca x simone
por trás de saltos, piruetas e pontuações, existe uma trajetória de acesso ao esporte completamente diferente quando o assunto é ginástica brasileira x norte americana. “não é uma luta apenas entre atletas, é um duelo de sistemas.” por essas e outras, nosso bronze vale ouro. [link]
🎖️ top 3 momentos em que eu mais sofri nas olimpíadas (até agora):
[skate] rayssa garantindo o bronze na última manobra, depois de várias tentativas
[ginástica] flavinha rasgando a sobrancelha no aquecimento e competindo a final inteira machucada
[basquete] yago fazendo o impossível e disputando ponto a ponto com a alemanha
Que lindeza de texto!
Estamos todos na nossa própria maratona. Tô guardando o documentário da Simone para ver com minha filha, que ama ginástica 🥹
Bjss