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› pra ler ouvindo: (stay) true | lars eriksson
‹ edição anterior: #86 | uma última chance para as redes sociais
nem sempre encontramos as palavras a serem ditas. mas, por vezes, alguém já as escreveu.
descobrir o que pensamos nas frases dos outros é o jeito mais bonito de perceber que não estamos só.
↓ bate-papo
minha última chance para o instagram
comecei 2025 com uma missão: mudar minha relação com o tempo que passo online, começando pelo instagram - a única rede social que não consegui me livrar até hoje.
entre reflexões sobre os excessos da vida digital e a possibilidade de viver sem ela, me deparei com uma dura verdade: estamos todos viciados.
todos mesmo, sem exceção.
em algum momento, fomos absorvidos pela avalanche das redes sociais, que invadiram nossas vidas sem muitas regras ou limites.
agora, nos dividimos entre:
os poucos que aprenderam a usar essa droga com cuidado, sempre atentos para não recair.
os muitos que seguem consumindo, cada um na sua dose, conscientes ou não do vício.
eu faço parte do segundo grupo.
- “parece um pouco exagerado chamar isso de vício”.
foi o que pensei na introdução do livro nação dopamina.
mas é essa a palavra que a dra. anna lembke usa.
transformamos o mundo de um lugar de escassez em um lugar de imensa abundância: drogas, comida, notícias, compras, jogos de azar, sexo, facebook, instagram, youtube, twitter (…) o smartphone é a agulha hipodérmica dos tempos modernos, fornecendo incessantemente dopamina digital para uma geração plugada. se você ainda não descobriu sua droga preferida, ela logo estará em um site perto de você.
alguns capítulos, e muitas evidências depois, aceitei a difícil verdade.
como qualquer outro vício deletar as redes, ou deixar de usar o celular para me entreter, parece uma solução rápida. mas será que é a mais eficaz? bom… nem sempre.
como bem disse a
, nesse trecho da news #10 me descapitalizei socialmente:sabe aquilo de ter um detox de 15 dias, voltar e ser pior? bom, já tive uns 20 detox, já removi muitos seguidores umas 5 vezes achando que seria mais confortável. nenhuma das vezes melhorou.
sinto o mesmo por aqui.
por isso, decidi ir além do detox e, como uma viciada faria, ressignificar minha relação com essa droga digital - não apenas apagá-la da minha vida, mas reconstruir, do zero, como interajo com ela.
segundo anna, a ideia de refazer nossa relação com o uso do smartphone é uma questão urgente, que ganhará ainda mais força nos próximos anos:
a questão de como moderar está se tornando cada vez mais presente na vida de hoje, por causa da absoluta onipresença de bens de alta dopamina, tornando-os todos mais vulneráveis ao hiperconsumo compulsivo, mesmo quando não correspondemos a critérios clínicos para dependência.
na última semana criei algumas pequenas regras, sem pressão ou julgamentos, com o único objetivo de observar o que funciona.
esses foram meus três primeiros passos:
1️⃣ defini as intenções
me perguntei: o que quero fazer quando entro no instagram? e observei dois comportamentos: 1. interagir com família e amigos; 2. me entreter com o conteúdo de influenciadores que eu gosto.
a partir dai, fiz uma faxina no meu perfil pessoal. meu critério foi simples: só sigo quem conheço pessoalmente e que quero me manter conectada.
ao mesmo tempo, criei uma outra conta onde só sigo influenciadores/marcas que acompanho, o @teoricamente.news.
assim ficou mais claro o que vou encontrar em cada conta: na primeira, atualizações sobre a vida de pessoas que me importo, na segunda, entretenimento e informação de temas que me interessam.
💡 essa estratégia é uma tentativa de diminuir o colapso de contextos. falei mais sobre isso na segunda sessão da edição #80.
-
2️⃣ tentei tornar o instagram chato
o @teoricamente.news, é onde vou consumir conteúdo para me entreter/informar, e eu sei bem o quanto posso acabar hipnotizada por vídeos curtos por horas.
para não cair na tentação de passar horas assistindo stories, defini um limite de 20 contas para seguir: para entrar uma nova, outra precisa sair. isso significa que, em algum momento, o conteúdo começa a se repetir e eu já não tenho tanto interesse em continuar por lá.
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3️⃣ defini um tempo de tela
não sou ingênua.
eu sei que o instagram foi feito para não ser chato. então, por mais que eu limite o conteúdo, a plataforma sempre encontra maneiras de tentar me prender mais.
por isso, criar um limite de tempo de tela é essencial. e, principalmente: perder o hábito de pegar abrir o aplicativo entre as pequenas pausas do dia. segundo a dra. anna:
monitorar o tempo que passamos consumindo determinada coisa - por exemplo, cronometrar o uso do smartphone - é uma maneira de ficar atento e, assim, diminuir o consumo. quando temos conhecimento de fatos objetivos, ficamos menos capazes de negá-los.
confesso que esse é o mais difícil pra mim.
a princípio, defini dois blocos no dia: 15 minutos de manhã e 15 minutos na hora do almoço, sempre com um timer. mas continuei pegando o celular ao longo do dia, mesmo com uma pontada de culpa.
ainda não desisti dessa ideia. vou testar por mais um tempo e volto pra contar pra vocês.
ainda é cedo para saber se isso vai dar certo.
continuo sentindo vontade de acessar o instagram sem nenhum motivo, especialmente quando estou sozinha.
vale lembrar que estamos aprendendo a conviver com uma droga gratuita, disponível em nosso bolso a todo momento. não vai ser fácil, nem rápido. mas pequenos passos também nos levam pra frente.
fazer isso publicamente é um incentivo para não desistir. é a minha tentativa de encontrar equilíbrio e, ao mesmo tempo, lembrar que não estou sozinha nessa jornada de ressignificar a vida online.
vez ou outra volto aqui, ou no perfil da @teoricamente.news, pra compartilhar mais dessa jornada com vocês.
✨
aceita um bate papo com
sobre como ressignificar a presença nas redes? tudo a ver com a edição de hoje, né? esse post explica mais ↓✨
↓ rapidinhas
📹
qual é o valor da sua atenção? esse tedx (da incrível
) é um ótimo ponto de partida pra repensar seu tempo online ↓
🤳
as redes sociais embaralharam a noção de passado, presente e futuro. agora, só existe o agora, que vale o tempo que o post durar. nessa análise impecável, Beatriz Salles dá nome a um incômodo que não sai da minha cabeça desde que publiquei uma das edições favoritas da teoricamente.
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o que podemos fazer para retomar o controle de quem somos? acho que esse papo tem tudo a ver com a nossa busca por moderação no uso do celular.
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2025 marca a chegada de uma nova geração. os baby betas ainda nem chegaram ao mundo mas já carregam altas expectativas quando o assunto é saber lidar melhor com a tecnologia e resolver os problemas da crise climática. esse podcast explica melhor.
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se exercitar e estar mais offline são duas coisas que combinam. por isso, aqui vai a indicação de uma newsletter para tirar seus planos fitness do papel. conheci a click fit recentemente e… amei! assinar essa news é um jeito fácil e leve de trazer mais saúde e hábitos legais para o seu dia-a-dia. para se inscrever, clique aqui.
oi!
me atrasei no trabalho pra terminar essa edição!!! eu não via a hora de enviar, mas a cada revisão sentia que tinha mais a ser dito.
esse é só o começo de uma longa jornada de como ressignificar minha relação com a internet, o celular, as redes… se você também estiver nesse momento, saiba que ninguém tá sozinho 🫂
obrigada por me acompanhar até aqui!até quarta que vem,
le :)
Olha, eu venho batendo numa tecla há algum tempo já, desde que meus filhos começaram a usar smartphones e redes sociais: esse troço precisa de regulamentação. Uso sempre o exemplo dos automóveis. Quando foram inventados, eram máquinas deslumbrantes e todo mundo achava que podia simplesmente sentar ao volante e sair dirigindo. Até que começaram a acontecer acidentes, começou a morrer gente, e a sociedade percebeu o óbvio: aquilo ali precisava de regulamentação. A pessoa precisava aprender a usar o equipamento, eram necessárias regras para controlar o convívio no trânsito, idade mínima para assumir a responsabilidade, reciclagem do usuário de tempos em tempos, uma habilitação oficial para mostrar que a pessoa tinha passado pelo treinamento e fiscalização do poder público. O Smartphone e as redes sociais precisam de um arcabouço semelhante, se quisermos ter a mínima chance de civilizar o espaço digital.
Eu silenciei 95% dos stories e publicações no feed e deixei só o de amigos e pages que quero acompanhar! Ajudou bastante