[tempo de leitura: 4 minutos]
olhei para frente e contei quantas pessoas ainda estavam ali enquanto torcia baixinho para a fila não andar.
do meu lado, todo mundo bem animado, e eu só conseguia pensar na angústia de saber que seria a próxima.
a fila avançou, chegou minha vez.
todos foram, eu fiquei.
pelos minutos seguintes, assisti em silêncio, limpando algumas lágrimas chatas que insistiam em cair, outras crianças se divertindo na montanha-russa que eu não tive coragem de ir.
não chorei por sentir medo. chorei pelas memórias que o medo me impediu de criar.
apesar do medo, a edição de hoje é sobre coragem.
boa leitura!
beijos, le.
escrevo ao lado de uma mala semi-pronta,
em algumas horas estarei mais uma vez dentro de uma máquina gigante e barulhenta que, não importa como a ciência explique, para mim sempre parece um milagre o fato de se sustentar por tanto tempo no céu.
tenho preparado minha mente há meses para esse vôo, que já fiz algumas vezes, mas continua me dando os mesmos calafrios do primeiro embarque.
serão doze horas distante do chão.
é o meu medo do alto colocado à prova, de novo.
o medo que tantos anos, vôos, pontes, e mirantes depois, ainda me assusta na mesma medida que aquela montanha-russa do parque de diversões.
porque o alto assusta tanto?
não só os lugares, mas também os sonhos.
aqueles ambiciosos, à mil pés de distância do chão.
dirigir
estudar fora
morar sozinha
sonhos que estavam guardados tão alto que, conforme eu subia os degraus da escada para alcançá-los (cansada e, por vezes, desacreditada de que chegaria) não me dei conta de que estava, de fato, subindo.
ainda que lentamente
ainda que parando para descansar
ainda que precisando de ajuda para avançar nos degraus mais altos
ainda que paralisada de ansiedade nos degraus mais incertos
ainda assim, eu subia. e sigo subindo.
quanto mais alto eu subo, mais medo eu sinto
ainda recuso as montanhas-russas, mas sigo encarando os aviões. nunca sem medo, mas sempre cheia de coragem.
continuo subindo na certeza de que a vista do topo valerá a pena, mas me lembrando de olhar ao redor, no degrau onde estou, e apreciar tudo o que o olho consegue avistar nesse exato momento, aqui e agora, no meio dessa escada longa e incerta que é a vida.
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salvei esse reels um tempo atrás para assistir sempre que me sentir perdida
💭
sobre ter saudade do presente
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oi!
depois de duas quartas-feiras sem conseguir escrever, senti que devia a mim mesma deixar de lado as urgências do trabalho e focar aqui.
o resultado foi essa edição curtinha, sem muitas teorias, mas com uma reflexão que diz muito sobre esse momento da minha vida. espero que faça sentido por aí também.
sábado embarco em uma aventura de três semanas na europa :) duas delas dedicada a um curso que há muito quero fazer e que tem tudo a ver com a teoricamente: narrativas, comportamentos e como tudo isso molda o nosso futuro.
tenho certeza que muito do curso, dos passeios culturais e das descobertas sobre um país diferente, vai aparecer por aqui.
até quarta que vem (diretamente de barcelona).
le
Medo é uma palavra para os corajosos como você Le, e que você possa sempre voar alto como uma Águia. Boa viagem