[tempo de leitura: 4 minutos]
quando a dor aparece, existem duas opções: tomar um remédio e mandá-la embora, ou esperar que ela se retire por vontade própria.
de qualquer jeito, é preciso paciência. mesmo o comprimido mais eficaz precisa de alguns minutos até fazer efeito.
a edição de hoje é sobre quem somos na companhia do desconforto.
boa leitura!beijos, le :)
um texto ✍🏼
a primeira vez que senti dor de cabeça foi durante um típico domingo de faxina.
minha mãe ligou o aspirador de pó e o barulho parecia muito mais alto que o normal. depois de um tempo tentando disfarçar o incômodo, desisti de ajudar e pedi licença para sair do apartamento até a faxina acabar.
sentei de pernas cruzadas no chão, de frente para a porta, esperando o barulho de dentro sumir conforme o ruído do aspirador se distanciava.
passadas algumas horas o alívio chegou. as pancadas na cabeça pararam, os ombros relaxaram e todos os pensamentos voltaram ao lugar.
eu não entendia ao certo o que tinha sido aquilo, por muito tempo culpei o pobre aspirador barulhento. mal sabia eu que aquele era o primeiro de muitos encontros com o desconforto.
depois disso vieram as dores atrás do joelho, que segundo o médico era apenas sinal de que eu estava crescendo. em seguida, cólicas menstruais violentas passaram a me visitar todo mês, sem falta. quando elas enfim acalmaram, deixaram as crises de enxaqueca em seu lugar.
apesar de nunca ter tido uma doença daquelas difíceis, assustadoras e sem cura, é fato que o desconforto sempre me acompanhou.
em alguns momentos da vida ele parece vir pra ficar, marcando presença toda semana. em outros, até esqueço que um dia a dor me fez companhia.
com o tempo, comprovei o que sempre disseram: exercício físico, alimentação balanceada e atividades relaxantes ajudam, mas a vida vai muito além do que minha rotina, planejada para ser saudável, consegue programar.
se tem algo que descobri entre um relaxante muscular e outro é que:
ninguém é inteiro na dor.
seja ela qual for.
e, por mais que a vida nos cobre a mesma produtividade todos os dias, a verdade é que, durante o sofrimento seremos apenas o máximo do que conseguimos ser: às vezes 50%, às vezes 30%, e de vez em quando nem isso.
com muito esforço tenho percebido que em alguns dias, a única saída é mesmo interromper a faxina, sentar de frente para a porta e esperar pacientemente o barulho diminuir de dentro para fora.
sem pressa.
sem julgamentos.
apenas esperar até que eu consiga ser 100% outra vez.
duas citações 💬
“a questão não é ter apenas pensamentos leves e gentis; a questão é não alimentar os pensamentos cruéis e turbulentos. deixar que estes passem sem permitir que criem raízes e controlem seus atos.” [livro]
“que, ao olhar para trás, fique registrado não apenas os cargos que já tivemos, os salários que conquistamos e tudo o que compramos com ele, mas a riqueza das conexões que criamos e as memórias de todas as vezes em que celebramos a alegria de estar vivo ao lado de uma boa companhia.” [edição #54]
três links 🔗
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