#62 | pelo direito de se estressar
🤬 uma carta aberta aos bonzinhos
[tempo de leitura: 3 minutos]
quando criança eu me sentia mal por me enfurecer.
a raiva chegava e eu me calava… esperava passar.
mas a fúria não ia embora, ela ficava presa dentro de mim. depois de um tempo remoendo, ou escapava como lágrima, ou se acumulava nos ombros, até virar uma dor física, daquelas que só passa com remédio.o tempo passou, mas isso nunca mudou.
talvez você se reconheça nessa leitura, ou lembre de alguém muito próximo que se encaixa em cada linha do texto. se isso acontecer, faça esse e-mail chegar até essa pessoa.
até quarta que vem!beijos, le :)
um texto ✍🏼
sempre fui conhecida por ser fácil de lidar, a criança que não fazia birra, a adolescente que não deu trabalho, a menina que não arruma confusão.
vivi tanto tempo cultivando cuidadosamente esse papel que me esqueci que, às vezes, não sou assim.
com o passar dos anos me peguei observando aquelas consideradas chatas, estressadas e complicadas, por vezes com uma pontada de inveja.
hoje sinto que me foi tirado um direito essencial.
deve existir leveza em não se importar com o desconforto que a sua presença pode causar.
deve existir liberdade na resposta amarga, no "não" solitário, sem nenhuma justificativa.
a cada tpm chega a angústia da montanha-russa de hormônios, mas também o alívio de ter enfim uma desculpa para ser uma mulher estressada.
que possamos dizer nossos palavrões, gritar e gesticular em paz nos momentos de fúria.
que possamos (ao menos) ter momentos de fúria.
o mundo está cada vez mais caótico e pessoas boas também estão cansadas, enfurecidas e estressadas.
defenda o seu direito de se estressar.
duas citações 💬
“a infância nos fornece certas mágoas e é com elas que lutamos.” [livro]
“eu sou jovem e tenho tempo. é o que repito respirando fundo em frente ao espelho, sempre que me esqueço que esse é só o começo, e que muitos recomeços ainda estão por vir.” [edição #56]
três links 🔗
🚬
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#61 | abraçando a dor
[tempo de leitura: 4 minutos] quando a dor aparece, existem duas opções: tomar um remédio e mandá-la embora, ou esperar que ela se retire por vontade própria. de qualquer jeito, é preciso paciência. mesmo o comprimido mais eficaz precisa de alguns minutos até fazer efeito.
ainda espero sentir a leveza de não me importar com o eventual desconforto causado pela minha presença, por ser quem sou. aprendi a me permitir essa liberdade, mas não me livrei do receio, de uma certa ansiedade.