[edição 34 | tempo de leitura: 5 minutos]
faço para viver ou vivo para fazer?
cada vez mais, tenho me esforçado para encarar essa pergunta de frente.
nos últimos dois anos, acompanhei meus pais se aposentando e sendo desligados de empresas para as quais se dedicaram por quase duas décadas.
era o fim da necessidade da carteira assinada, o início das merecidas e aguardadas férias.
será?
na verdade, vi chegar o desconforto de não saber por onde seguir, junto com a temida frase: “e agora?”
afinal, quem somos quando não precisamos fazer nada?
em Okinawa, no Japão, as pessoas vivem mais.
intrigado com o porquê, Dan Buettner, jornalista da National Geographic, foi até lá com um objetivo claro: entender o que essas pessoas faziam de diferente do resto do mundo para garantir mais tempo de vida.
sem análises de dna, sem exames de sangue… apenas conversando com os centenários da região e observando seus hábitos.
Dan começou reparando o óbvio:
eles têm uma alimentação saudável.
eles se movimentam bastante.
alimentação e exercício fisico, básico. nada de novo.
mas, com o tempo, ele percebeu que existam outros pilares importantes na vida dessas pessoas. entre eles, um termo me chamou atenção:
ikigai.
para Dan e outros moradores, esse é um dos fatores decisivos para a longevidade local.
a palavra pode ser traduzida como "razão para ser”.
é um propósito, aquilo que justifica sua vida na Terra.
por muito tempo, nos convenceram de que trabalho e ikigai eram a mesma coisa.
trabalhe com o que ama e nunca terá que trabalhar
mas o que acontece quando de fato paramos de trabalhar, depois de tanto tempo enraizando o trabalho remunerado como o único pilar das nossas vidas?
é claro que tenho contas para pagar, coisas para comprar e horas de trabalho a cumprir, mas quais são os outros pilares sustentando o que eu sou?
a ideia de ikigai é o oposto de definir o ser humano por meio de seu trabalho. a filosofia ikigai é a “desalienação” do trabalho enquanto obrigação social, para uma visão mais humana, que nos permita encontrar sentido e satisfação no que realizamos.
continuo na busca pelo meu ikigai e, apesar de ainda não ter certeza do que ele é, já sei o que não é.
não são os e-mails que respondo das 8h as 17h, todos os cartões de ponto que já bati, as reuniões de alinhamento, as métricas de um relatório em uma apresentação, minha lista de tarefas diária, os feedbacks do gestor, o plano de carreira.
enquanto o relógio continua correndo, cabe a mim a pergunta: quando tudo isso passa, o que fica?
🎞 nessa apresentação, Tim Tamashiro explica como encontrar seu ikigai (vale muito a pena assistir). dá para ativar as legendas em português :)
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"como vamos explicar para os nossos pais que quase tudo o que eles nos ensinaram sobre trabalho já não é mais verdade?”
✉️ esse foi o tema da edição #8 - tudo o que me ensinaram sobre trabalho
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novidade: a partir de agora os links compartilhados em cada edição ficam salvos no banco de teorias, o acervo de links da teoricamente :) assim é mais fácil de encontrar aquele artigo legal que você esqueceu de salvar ou a indicação do podcast que você não lembra o nome.
🎞
pra assistir: a série como viver até os 100, na netflix, conta o que Dan Buettner descobriu nos 20 anos que passou conhecendo e estudando as populações que vivem mais. um documentário gostoso de ver e cheio de reflexões bonitas.
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nas redes: o que garante que a gente esteve nesse mundo? esse vídeo alugou um triplex na minha cabeça, em breve saí uma edição inspirada no assunto.
Sabia que dá pra curtir esse texto? É só clicar no coraçãozinho ❤️ no início ou no fim do e-mail.
oi!
nos últimos dias muita gente chegou por aqui por indicação da
(valeu, Gaía!) se você faz parte dessa turma: seja bem-vindo :)toda quarta eu preparo um e-mail com reflexões sobre futuro, comportamento e narrativas do mundo caótico em que a gente vive. elas sempre partem de alguma história pessoal, uma memória, uma cena do meu cotidiano, e acho que é isso o que faz dessa news um pedacinho especial na internet, ela é uma troca sincera sobre as coisas ordinárias que nos levam a pensar no extraordinário.
ah, se você conhece alguém que pode curtir esse conteúdo, não esquece de compartilhar! e se for postar um trecho dessa edição nas redes, me marca? eu amo ver 🥹 os links pro meu perfil estão todos no fim desse e-mail.
até quarta que vem!
Le
👩🏼💻 A Teoricamente é escrita por Leticia, profissional de comunicação sempre estudando sobre futuro, comportamento e narrativa. Você pode me encontrar no LinkedIn, no Instagram e agora no Tiktok também (com mais frequência do que deveria).
Nova inscrita aqui. Amei o texto, e o vídeo falando sobre decorar objetos. Muito significativo, amei tudo!!!
Todas as quartas-feiras algo diferente e um aprendizado maravilhoso no Teoricamente. Parabéns