[tempo de leitura: 4 minutos]
eu tenho gostos culinários que muita gente encara como ofensa. quando assumo que não como strogonoff, açaí ou sushi recebo de volta um misto de pena e desconfiança.
mas gosto é assim mesmo, cada um tem o seu. e a ideia vale para a escolha do almoço, do estilo musical, da carreira e até dos sonhos.
é fácil se deixar levar pelo gostos dos outros e se esquecer dos nossos.
a edição de hoje é sobre isso.beijos, le :)
um texto ✍🏼
enquanto a vida me encharca de possibilidades do que ser, do que fazer e com o que sonhar, tento me lembrar que nem tudo me convém.
eu não quero alcançar os feitos dos outros apenas para celebrá-los online, no feed de tantas pessoas que nem me conhecem.
eu não quero que minhas palavras viralizem a troco de fama.
eu não quero me vender pelo preço que as redes sociais se dispõem a pagar.
crio meu caminho em paralelo aos sonhos modernos.
sonho com uma vida em paz, uma casa sem barulho de cidade, um trabalho flexível, amigos compreensivos, um amor que dure por anos, saúde, criatividade, papel e caneta para escrever o que eu penso, e muito espaço para apenas ser feliz e triste.
nem só feliz e nem só triste, porque aprendi que também cresço na dor, mas continuo preferindo a felicidade.
nesse mundo com conquistas cada vez mais padronizadas, entender o que não quero conquistar se tornou o ponto inicial da minha busca por autoconhecimento.
com algum custo, entendi que:
não quero ser gigante, quero ser grande o suficiente.
não quero ser rica, quero ter dinheiro o bastante.
não quero ser jovem pra sempre, quero envelhecer com saúde.
não quero o corpo ideal, quero um que funcione.
não quero um namoro perfeito, quero um relacionamento saudável.
não quero viver pra sempre, quero uma vida bem aproveitada.
não quero ser mais do que eu sou, quero me permitir ser o que eu posso.
nem sempre me lembro do que realmente quero, tem dias que os desejos dos outros se sobrepõe aos meus.
mas eu não sou o outro, e disso é sempre bom lembrar.
duas citações 💬
“acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto”. [música]
“eu sou os shows que não fui, as tatuagens que não fiz, os cortes de cabelo que nunca tentei, as pessoas que não amei, os países que não conheci, as comidas que não tive coragem de experimentar. tudo o que não sou também me faz ser eu. e isso explica minha pressa em tentar ser um pouco de tudo de uma vez só”. [texto]
três links 🔗
📝
os jovens adultos da geração z estão perdidos? se você nasceu no fim dos anos 90 provavelmente respondeu "sim". a boa notícia é que você não está só. a má notícia é que ninguém pode nos ensinar o caminho. [link]
😆
você provavelmente assistiu um vídeo feliz nos últimos dias. os feeds estão cada vez mais cheios de conteúdo positivo: bebês fofinhos, pets engraçados, viagens lindas, casais apaixonados. e isso não é por acaso. [link]
🫧
como você tem se alienado? em tempos difíceis de encarar o mundo real, escapar da realidade pode ser uma arma poderosa contra a ansiedade. [link]
Ter clareza sobre o que não nos inspira, não nos cabe, não nos representa, não mobiliza nosso (real) desejo é algo muito, muito significativo. E não no sentido de "eu só faço o que quero", mas sim, "eu posso até fazer o que não quero, mas tenho consciência dos porquês" e isso muda tudo.
Sinto que somente a maturidade me trouxe e, ainda assim, muitas vezes escapa. Fico feliz em ler esse texto de alguém tão jovem.
essa edição ficou especial! Saber o que a gente não é e o que a gente não quer diz muuuuito sobre nós.
Em um mundo em que tudo parece uma grande oportunidade, parece que sempre vivemos com ansiedade por tudo aquilo que não estamos fazendo (o famoso FOMO). Mas é quando conseguimos encarar esses "nãos" e celebrar nossos "sims" que vivemos a nossa verdade.